sexta-feira, 27 de julho de 2012

Diário2


VIAGEM DE SONHOS


Tudo vem dos sonhos. Primeiro sonhamos, depois fazemos”.
Monteiro Lobato


Domingos Pedro Lopes
José Nildo Teixeira da Veiga


Sonho de qualquer professor cabo-verdiano é participar em ações de formação e capacitação para que possa estar munido de ferramentas, levando em linha de conta ter um desempenho de qualidade junto dos seus discentes, basta ver o lema escolhido pelo Ministério de Educação e Desporto, neste ano letivo “Juntos por uma Educação de Qualidade”.
Neste contexto, a sorte para a concretização do nosso sonho não poderia ser melhor porque nos calhou, como cenário da nossa formação, a linda cidade turística de Fortaleza, situada no Nordeste do Brasil, onde sobressaem nomes conhecidos de alguns de seus filhos, como os de José Alencar e Tom Cavalcante, poeta e humorista, respetivamente.
Logo, a nossa chegada no Aeroporto Internacional “Pinto Martins” fomos muito bem recebidos pelo Sr. Neto, assistente do curso. Viríamos a ser instalados no grande Hotel Mareiro, junto à Avenida Beira-Mar, que nos fez lembrar Cabo Verde, especialmente as nossas ilhas orientais e também turísticas do Sal, Boavista e Maio, onde sobressaem de entre outras paisagens deslumbrantes, destacando as dunas, praias extensas de areias brancas. Aliás, isso já tinha sido constatado por nós ainda quando estávamos a fazer a aterragem na pista.
A simpatia dos brasileiros é deveras impressionante, o que nos fez recordar a célebre morna Brasil de autoria do malogrado compositor sanvicentino Francisco José da Cruz, ou simplesmente B. Léza. A letra, que vamos escrever como adenda, afirmava que Brasil era irmão de Cabo Verde, relembrando, de certa forma os nossos laços históricos e/ ou culturais, o que teve sua continuidade com a ministração de aulas pelos formadores brasileiros. Eles têm-nos mostrado que, para se ser bom professor, para além de competência são ainda necessários outros ingredientes, nomeadamente paciência, humildade e conhecimento da realidade social dos alunos.
Tendo em conta o sentimentalismo do cabo-verdiano, principalmente quando está longe dos seus ente-queridos, em que a saudade vem na mó de cima, a procura do telefone era necessária e foi notória a forma insaciável como todos nós queríamos obter a linha para procedermos aos primeiros contatos com os nossos familiares, colegas de trabalho e amigos.
Atendendo ao custo elevado das chamadas, sendo dois reais por minuto, que equivalem a noventa escudos cabo-verdianos, pelo que de início tivemos que levar a mão a cabeça, auxiliando de uma calculadora. Esta situação, que nos parecia ruim, foi-nos minimizando, pouco a pouco, devido ao empenho de dois colegas nossos que puseram a nossa disposição os seus préstimos como empreendedores, através do sistema inovador introduzindo ao seu computador o voipcheap, fazendo-nos, assim, um preço pela metade do custo em relação ao praticado pelos operadores brasileiros, como valor de dois reais por minuto, passando assim de dois para um real por minuto.
De referir que uma outra dificuldade encontrada tem a ver com a nossa mobilidade na qualidade de pedestre, problema que tem vindo a ser minimizado com a planta de localização da cidade (mapeamento), permitindo-nos a identificação e a memorização de avenidas e ruas, elementos importantes na ida e volta aos principais pontos da mesma.
Convém frisar que, com o apoio patenteado pelos nossos formadores, temos vindo paulatinamente a ultrapassar as nossas dificuldades iniciais, se atendermos a complexidade de uma realidade que estamos ainda ávidos em conhecer, tais como as suas belezas e o ambiente ao nível educacional, social e cultural.

Eis a letra da composição Brasil de B.Léza
I
Bén konché ês terra morena
Onde káda criola é uma serena
Bén ku bu céu també di anil
Kês nós terra piquinin
É un pedacinhu di Brasil

II
Brasil Ki nós tudu tén na peitu
Brasil ki nô tá senti na sángui
Brasil bó é nosso irmão
Si k'má nós bó é moreno
Brasil nó krébu tchéu
Nó krébu tchéu di korason

III
Ventu ki tá bái di Sul
Tá levá na sês kônte cenas di Brasil
Si nó ká tá bái
Nó ká tá dixál
Brasil bó é nós sonhu
Bó é nós céu azul.





VIAJANDO NA DESCOBERTA


Domingos Sacrossantos Fernandes Silva
Maria Helena Pereira Furtado


Antes da chegada a Fortaleza

É pela primeira vez que os professores de Ensino Básico de Cabo Verde se deslocam ao Brasil para um estágio, no âmbito do Programa Linguagem das Letras e dos Números Projeto José Aparecido Oliveira.
Foi num dos encontros técnicos que souberam dessa iniciativa. Salvador fez parte da organização de todo o processo. Estabeleceram-se critérios para a seleção dos formandos que iriam participar nesse estágio. A partir daí, vários contatos foram estabelecidos com as Delegações Concelhias do Ministério da Educação e Desporto, no sentido de dar-lhes informação e orientações detalhadas, que lhes ajudariam na escolha dos professores.
As Delegações reagiram mandando a lista nominal, acompanhada de todas as informações referentes aos participantes. Essas informações foram sistematizadas e enviadas ao Brasil.
Junto dos serviços consolares da Embaixada do Brasil em Cabo Verde, conseguiram todas as instruções necessárias para a solicitação do visto, processo esse que decorreu de forma rápida. Foi a própria Embaixada do Brasil em Cabo Verde que contatou uma agência de viagem para a emissão das passagens.
Tendo as passagens em mãos foi feito o reencaminhamento via e-mail para todos os Concelhos.
Salvador e a sua colega Arina começaram a aplicar os seus conhecimentos de letramento e numeramento, desde o começo da organização desse evento, através de:
  • Leitura e análise da lista nominal que veio dos Concelhos;
  • Conferição do número de professores que cada Concelho deveria enviar;
  • Mapeamento de pessoas que deveriam ser contatadas via e-mail e telefone;
  • Soma do total de contatos feitos, no sentido de certificarem que ninguém ficou de fora;
  • Análise das fotografias dos participantes;
  • Distribuição dos passaportes aos professores no aeroporto;
  • Soma dos participantes no momento de check-in, o que lhes permitiu descobrir que participantes do Concelho de Santa Catarina foram os últimos a chegar ao aeroporto.
No aeroporto continuaram a fazer esse exercício, pois tinham que fazer a leitura das placas que indicavam o itinerário que deveriam seguir tais como:
  • Identificação da sala de embarque, serviços de fronteira, casas de banho, bar...;
  • Identificação do número dos acentos no talão de embarque;
  • Estimativa do número total de passageiros que o avião que nos transportou trouxe para Fortaleza.


Chegada à cidade de Fortaleza

Chegados ao aeroporto de Fortaleza, seguiram o itinerário semelhante para irem até a fronteira, despacharem as bagagens, procurarem pela pessoa que tinha a incumbência de ir buscá-los ao aeroporto e ainda através da visualização de algo que transmitisse essa informação. Foi aí que o Chico entrou na história. Ele disse:
Professores de Cabo Verde, por aqui por favor!
Todos foram ao encontro dele. Um a um foram chamados. O controle era rigoroso, pois o Chico tinha de conferir bem se todos os que estavam na lista tinha desembarcado, à medida que mostravam-lhes alguém que os conduziria até ao ônibus. Todos pegaram nas suas bagagens e dirigiram-se até o local. Ainda dentro do ônibus foi feita a segunda chamada. Nesse momento foram informados que o destino a seguir era o Hotel Mareiro, que fica situado na Rua Tibúrcio Cavalcante com a Avenida Beira Mar.
Era por volta das dezenove horas locais. Já na recepção do hotel, todos fizeram os seus registos de entrada e automaticamente os funcionários entregavam as chaves a cada um e indicavam o piso e o número dos apartamentos. Cada um, através das indicações dadas, foi se instalar nos seus aposentos. O jantar foi servido logo. Era no segundo piso.
Para efetuarem chamadas para os familiares e fazerem algumas compras básicas, tiveram que usar os conhecimentos matemáticos para poderem fazer a correspondência dólar/real, escudo/real e euro/real, uma vez que tinham de converter a moeda trazida pelo real, que é a moeda utilizada na compra e venda no Brasil. No processo de câmbio, alguns colegas saíram a ganhar enquanto que outros perderam.
No dia seguinte, por volta das oito horas, iniciaram-se os trabalhos. Os professores deram aos formandos muitas informações importantes de como circular dentro da cidade de Fortaleza. Essas informações fizeram parte de muitos trabalhos solicitados ao Salvador e seus colegas, entre as quais se destacam este trabalho – Diário de Bordo: Histórias de Cabo-Verdianos em Fortaleza.

Resolvendo problemas em Fortaleza

Na dia 18 de julho, Salvador e Arina, juntamente com os colegas e professores, foram visitar a Livraria Cultura. No final da visita, decidiram não voltar com o grande grupo, uma vez que queriam ir até ao shopping mais perto. Foi aí que pediram informações a um cearense, que os disse que o tal shopping ficava situado a cinco quadras daí. Começaram as aventuras. Andaram muito a pé e nem sinal do shopping. Resolveram desistir de ir ao shopping. Andaram tanto, sentiram o vento fresco, pensaram que estavam perto do mar porque aquele vento era semelhante à maresia e, portanto, perto do Hotel Mareiro. Continuaram a caminhar e começaram a desconfiar que estavam perdidos.
Mesmo assim continuaram a caminhada passando ao lado de um rio. Com o conhecimento do mapa tinham, lembraram-se que por aí poderia estar o Rio Cocó e aí chegaram à conclusão que estavam em Iguatemi. Andaram mais um pouco e visualizaram o Shopping Center Iguatemi. Foi um alívio!!!! Ficaram tranquilos e resolveram juntar o útil ao agradável, tentando amenizar a angústia e ocupar da melhor forma o tempo perdido. Depois disso, pegaram um táxi e regressaram ao Hotel Mareiro. O taxista cobrou-lhes 25 reais pelo preço da corrida e acharam que era o preço justo. Na altura de pagar a conta, ajudaram uma colega a ver que, em vez de entregar uma nota de cinco reais, ia entregar uma de 50 reais.







Estamos perdidos! E agora o que faremos?


Legenda
A Livraria Cultura
Av. Dom Luís, 1010 - Aldeota, Fortaleza - CE, 60160-230


B Shopping Center Iguatemi Fortaleza
Avenida Washington Soares, 85 - Cocó, Fortaleza - CE,
60811-900




Como já se passava da hora do jantar, Salvador e os colegas resolveram ir jantar ao bar que fica ao lado do Hotel Mareiro. Fizeram os seus pedidos. Como os pedidos eram tantos, demoravam muito tempo a sair. Depois do jantar, pediram a conta e repararam que o valor da despesa apresentado no talão era superior ao consumo feito. Conferiram os gatos de cada um, acrescentaram os dois reais do atendente, mesmo assim as contas não batiam. Não queriam sair de lá sem antes resolver o problema vivido no momento. Pegaram mais uma vez no talão e analisaram os itens um a um e descobriram que foi incluído na conta um dos sucos pedidos, que não chegou ao ser servido. Chamaram o atendente, colocaram o problema e este foi fazer a retificação no talão. Pagaram as suas contas e regressaram ao hotel Mareiro.
Foi um dia de muita aventura!


Nomes
Produtos
Suco
Skol
Pastéis de camarão
Hambúrguer
Bora bora
Despesa por pessoa

Jesus
x
x


x
R$27.50
Helena




x
R$21.40
Domingos

x
x


R$23.10
Maria
x




R$18.40
Fernando


x
x

R$20.40
Total Geral
R$110.83
Factura apresentada
R$129.23

Observação: Só chegaram a servir um dos sucos solicitados.



 
ENFRENTANDO CÁLCULOS
NUMA VIAGEM DE NEGÓCIO À FORTALEZA


Dulcelino Bettencourt
Luís Vasconcelos


Cabo Verde é um país onde a população vive à base das seguintes atividades económicas: comércio, agricultura, pesca, criação de gado, indústria etc. Sendo o comércio uma das principais atividades económicas, à semelhança de muitos países como por exemplo Brasil, com uma população muito parecida à de Cabo Verde, são muitos os comerciantes cabo-verdianos que deslocam a esse destino para fazerem as suas compras.





Foi o que aconteceu com a Caty, uma criança de 12 anos que terminou com sucesso o sexto ano de escolaridade. Como recompensa foi-lhe dada a oportunidade de acompanhar a mãe (Berta), que é uma comerciante, numa viagem de negócio à Fortaleza. Essa oportunidade tinha também como objetivo auxiliar a mãe nas contas.
Já instaladas em Fortaleza, as duas foram às compras na Feira, situada ao pé do Mercado Central. Compraram várias peças de vestuários: camisas, calças, saias, blusas e sapatos. Enquanto a mãe fazia compras, a Caty ia anotando, riscando com tracinhos, as peças compradas da seguinte forma:

Camisas - / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / /

Calças - / / / / / / / / / / / / / / / / / / / /

Blusas - / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / /

Saias - / / / / / / / / / / / / / / / / / /

Sapatos - / / / / / / / / / / / /










Mesmo tendo feito uma viagem muito cansativa, a Caty de regresso da feira, reorganizou os dados que anotou durante as compras numa tabela de frequência. Com os dados bem organizaodos, a Caty quis saber quanto é que a mãe pagou pelas camisas em CVE, sabendo que 1 BRL corresponde a 44 CVE e tendo em conta que cada camisa custou 20 reais.
A curiosidade da Caty não parou por aqui. Sabendo que a mãe pagou 1440 reais na compra dos sapatos, ela quis saber quantos reais pagou por cada par de sapato.
Quanto mais calculava, mais curiosa ficava. Para satisfazer-se, quis saber ainda quanto a mãe ganharia em CVE, se vendesse cada calça por 120 reais, sabendo que comprou uma calça por 100 reais.
Muito satisfeita com a enorme colaboração da Caty, a mãe prometeu trazê-la mais vezes para Fortaleza.



 
ENFRENTANDO CÁLCULOS
NUMA VIAGEM DE NEGÓCIO À FORTALEZA


Dulcelino Bettencourt
Luís Vasconcelos


Cabo Verde é um país onde a população vive à base das seguintes atividades económicas: comércio, agricultura, pesca, criação de gado, indústria etc. Sendo o comércio uma das principais atividades económicas, à semelhança de muitos países como por exemplo Brasil, com uma população muito parecida à de Cabo Verde, são muitos os comerciantes cabo-verdianos que deslocam a esse destino para fazerem as suas compras.





Foi o que aconteceu com a Caty, uma criança de 12 anos que terminou com sucesso o sexto ano de escolaridade. Como recompensa foi-lhe dada a oportunidade de acompanhar a mãe (Berta), que é uma comerciante, numa viagem de negócio à Fortaleza. Essa oportunidade tinha também como objetivo auxiliar a mãe nas contas.
Já instaladas em Fortaleza, as duas foram às compras na Feira, situada ao pé do Mercado Central. Compraram várias peças de vestuários: camisas, calças, saias, blusas e sapatos. Enquanto a mãe fazia compras, a Caty ia anotando, riscando com tracinhos, as peças compradas da seguinte forma:

Camisas - / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / /

Calças - / / / / / / / / / / / / / / / / / / / /

Blusas - / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / /

Saias - / / / / / / / / / / / / / / / / / /

Sapatos - / / / / / / / / / / / /




Mesmo tendo feito uma viagem muito cansativa, a Caty de regresso da feira, reorganizou os dados que anotou durante as compras numa tabela de frequência. Com os dados bem organizaodos, a Caty quis saber quanto é que a mãe pagou pelas camisas em CVE, sabendo que 1 BRL corresponde a 44 CVE e tendo em conta que cada camisa custou 20 reais.
A curiosidade da Caty não parou por aqui. Sabendo que a mãe pagou 1440 reais na compra dos sapatos, ela quis saber quantos reais pagou por cada par de sapato.
Quanto mais calculava, mais curiosa ficava. Para satisfazer-se, quis saber ainda quanto a mãe ganharia em CVE, se vendesse cada calça por 120 reais, sabendo que comprou uma calça por 100 reais.
Muito satisfeita com a enorme colaboração da Caty, a mãe prometeu trazê-la mais vezes para Fortaleza.


 
A VIAGEM


Elias Silva Mendes da Fonseca
Elsa Maria Furtado Fortes


ELISA é uma senhora cabo-verdiana, da ilha de Santiago, que foi convidada a uma formação na área de Língua Portuguesa e Matemática, em Fortaleza no Brasil. Ela começou a pensar na sua economia, visto que não tinha dinheiro para comprar tantos produtos necessários para a viagem (malas, roupas novas, sapatos...)
Assim teve alguns dias preocupada com a situação, porque não queria perder essa oportunidade tão importante que lhe serviria para melhoramento do seu trabalho.
Partilhou a preocupação com os amigos que resolveram solidarizar com ela .
No entanto, cada amigo ofereceu-lha uma quantia de dinheiro:

Nome dos amigos
Quantia de dinheiro
TONY
1000$00
NELSON
3000$00
DULCE
4000$00
ANA
1000$00
EUNICE
4000$00
EDNA
6000$00
LUÍS
3000$00

Ela ficou contente com o que conseguiu arrecadar com os amigos. Porém, ela sabia que tinha algumas compras a fazer. Juntou com a sua economia e decidiu fazer algumas compras:





4000$00
1500$00
2000$00
2000$00
Verificou o troco e viu que só lhe restavam 24500$00. Qual era a sua economia?
Com a quantia que sobrou, ela trocou em euros sabendo que 1 euro corresponde a 110$00.
Chegando em Fortaleza, ela tinha a necessidade de comunicar com os familiares em Cabo Verde, mas não tinha reais. Começou a pedir informações sobre o câmbio. Tendo essa informação, trocou o euro em reais, sabendo que cada euro corresponde a 2 reais e 40 centavos de reais.
Comprou um cartão por 20 reais e assim deu notícias aos familiares.
Depois da chamada efetuada para Cabo Verde, ela ficou a pensar: “Quantos CVE correspondem o custo da chamada ? Com que dinheiro fiquei?”
A Elisa, efetuando o seu cálculo, viu que ainda sobrava uma quantia razoável e ficou tranquila.



 
Caro leitor!!!

Depois de aventurar por várias estórias, de certeza percebeste que os personagens passam por situações caricatas e fascinantes, procurando encontrar soluções para diversos problemas, tanto dos números como das palavras.

Nesta caminhada, percorreram quilómetros de distancia para perceber o fascínio dos números e a sua interligação com as palavras e a sua simplicidade na resolução.

Foram envolvidos pela magia dos cálculos e a leveza das palavras a procura de respostas, que se tornaram simples. Descobriram novos caminhos, aventurando pelas trilhas do conhecimento e do mistério dos números e das palavras.
Agora que acabaste de ler estas lindas estórias, de professores cabo-verdianos em Fortaleza, convidamo-lo a escrever as tuas próprias aventuras interligando estes conhecimentos.

Caro leitor, quer agarrar a mais um desafio? Então, abre a tua mente e mergulha no mundo da tua imaginação para construir outras estórias fabulosas!!!

Vamos aventurar!!!


 
A PRIMEIRA VIAGEM A FORTALEZA.

Ângela Paulo
Euclides Cabral



Brasil, terra dos sonhos de qualquer cabo-verdiano, pela semelhança cultural dos seus povos, todos amantes da diversão; da “boa vida”, noitadas, carnaval, futebol, caracterizados ambos pela simpatia e morabeza, partilhando ainda a língua de Camões. A curiosidade aumentou no seio dos professores do Ensino Básico espalhados pelas ilhas, sempre ansiosos por uma oportunidade que já tinha sido usufruída pelos professores do Ensino Secundário. Daí surgiu a magnífica notícia de que os professores do Ensino Básico teriam a sua vez de viajar para Fortaleza, com o propósito de participar numa formação de um mês nas áreas de Matemática e Português.
Quim e Arlinda, felizardos nessa empolgante aventura, encontraram-se no aeroporto da Praia, entusiasmados com viagem, no entanto, um pouco apreensivos por ser a primeira viagem que estavam a fazer para fora do seu pequeno país. O Quim parecia muito nervoso e um pouco perdido, pois não sabia onde fazer o câmbio da moeda cabo-verdiana em euro, e como se não bastasse, estava atrasado para o check- in. Foi aí que a Arlinda o interpelou:
– Desculpe-me, também vais ao Brasil?
      Suspirando de alivio, o Quim respondeu:
      – Sim fui escolhido também, mas preciso trocar o escudo pelo euro, segundo fui informado e não sei onde fazer.
      – Há um banco aqui no aeroporto onde podes fazer isso, mas se calhar deves primeiro fazer o check-in porque estás muito atrasado e depois ajudar -te-ei a resolver o resto.
      Feito o check-in, foram resolver o problema do câmbio. Chegando na agência o Quim perguntou a Arlinda:
      – Mas quantos euros receberei, pois tenho vinte e cinco mil escudos?
      – É muito fácil. Sabendo que cada euro equivale a cento e dez escudos, é só calcular.
          De seguida dirigiram-se ao bar do aeroporto para tomarem um lanche. Lá encontraram mais quatro colegas que também viajavam para Fortaleza. Cada um tomou um galão e um sanduíche. No final do lanche pediram a conta ao garçom que foi num total de mil oitocentos e sessenta escudos. Cada um teria de contribuir com sua parte. Daí um dos amigos tomou a iniciativa de calcular o valor correspondente a cada pessoa. Pagaram a conta e dirigiram-se para sala de embarque.
      Partiram do Aeroporto da Praia por volta das catorze horas e vinte minutos de Cabo Verde e a viagem demorou quatro horas.
      Ao chegar no Aeroporto de Fortaleza, debaixo de um sol abrasador, o Quim exclamou:
      – Arlinda, que horas são aqui, que há tanto sol assim?!
      – Vamos fazer os cálculos. Lembre-se que Brasil tem duas horas a menos que Cabo Verde. Se nos saímos de lá as catorze e vinte, gastamos quatro horas de viagem, é só saber que horas são em cabo verde, para descobrir que horas são aqui.
      A caravana que viajou de Cabo Verde entrou no autocarro e dirigiu-se para o hotel Mareiro onde iria se hospedar. Já instalados, todos preocuparam-se em comunicar com a família e, para isso, dirigiram-se à recepção do hotel para saberem se havia possibilidades de fazer o câmbio do euro para o real que precisavam na compra do cartão. Só receberam o valor correspondente ao euro no dia seguinte. Todos estavam ansiosos em descobrir quantos reais corresponderia cada euro. A Arlinda que tinha entregue cem euros, recebeu duzentos e quarenta reais. No entanto, outros colegas que foram trocar as moedas fora do hotel, disseram que conseguiram trocar por um valor mais alto. A partir deste momento todos ficaram atentos na troca das moedas.


 
UM SONHO QUE TORNOU REALIDADE


Eunice Livramento Monteiro
Mateus Felipe Fortes Semedo


Conhecer Brasil foi sempre um sonho, pois as telenovelas retratam um Brasil bonito que desperta a curiosidade de qualquer pessoa.
Manice recebeu a notícia no dia 3 de junho que tinha sido escolhida para participar de uma formação no Brasil. Ansiosa, começou a pensar como seria a sua aventura em Fortaleza. Passados alguns dias, deu uma olhada no calendário, viu que era dia 1 de julho e começou a pensar nos dias que faltavam para a sua viagem.
Ao preparar a sua mala, Manice colocou dentro dela suas coisas com um cuidado cheio de ternura. As suas roupas preferidas vinham logo em cima, para não ficarem amassadas. No fundo da mala colocava as toalhas, as roupas íntimas, os produtos higiénicos e um lençol azul, por questão de segurança.
Chegou o esperado dia da viagem. Manice levantou às seis horas da manhã, pois, a sua viagem, da ilha do Maio para a Cidade da Praia, estava prevista para as nove. Antes, foi comprar os preparativos para o pequeno almoço e partiu para o aeroporto. Quando eram 10h35min partiu para a cidade da Praia, numa viagem de oito minutos, onde passou uma noite.
No dia seguinte, às 11h45min, apanhou um táxi e partiu para o aeroporto numa viagem de 15 minutos. No aeroporto, juntamente com os colegas, aguardava a hora de partida para Fortaleza. Numa grande fila, esperava a sua vez para atravessar a fronteira, mas com o coração a palpitar porque tinha que ser submetida a um controle policial, como mandam as regras. Na sala de espera para o embarque, Manice, de olhos no seu relógio, viu que já havia se passado 45 minutos, logo, sentiu a necessidade de comer alguma coisa. Foi então que dirigiu-se à lanchonete, levando uma nota de quinhentos escudos; e perguntou:
    Quanto custa um matutano?
A empregada respondeu:
– Custa 160 escudos.
    Surpresa com o preço, Manice concluiu que o matutano custava o dobro do preço normal.
Às 14h, Manice dirigiu-se para o avião. Com a ajuda das assistentes de bordo, ocupou o seu lugar perto da janela, à espera da partida, que aconteceu às 14h30min. Lá fora, a tarde ia alta. Por detrás das núvens cinzentas, adivinhava-se o sol, o mar sereno e o ar parado. Lá dentro, só se sentia o barulho do motor do avião.
Manice desembarcou no Aeroporto Internacional de Fortaleza “Pinto Martins”, às 18h. No percurso para o Hotel Marreiro, ela observava com muita atenção todos os pormenores: muitos prédios altos, grande movimentação de trânsito, polícias ambientais, centros comerciais etc.
Na recepção do hotel, Manice esperava a sua vez para conhecer a companheira do quarto. A noite parecia infinita, pois havia um silêncio muito grande... Parecia até que a vida tinha parado.
De manhãzinha, depois do banho, foi tomar um pequeno almoço, que de pequeno não tinha nada. Com uma mesa recheada de frutas de todos os gostos, pão em variedades, bolos em qualidade e quantidade, sumos naturais e sem esquecer a água fresca de coco. Na sala de formação, aguardava a hora do intervalo para fazer o seu primeiro contacto familiar.
O maior desafio da Manice foi a hora de adquirir o cartão telefónico e fazer o câmbio de real para o escudo cabo-verdiano. Dirigiu-se para o quiosque, próximo do hotel, e perguntou ao senhor que lá estava:
Quanto custa um cartão telofónico?
São vinte reais.
Manice adquiriu o cartão e começou a relacionar com o escudo cabo-verdiano. Sabendo que um real correspondia a quarenta e cinco (45) escudos, ficou impressionada com o valor e murmurou baixinho:
Ai meu Deus! Nunca podia imaginar que a comunicação no Brasil era tão cara assim!
Manice, nas suas aventuras em Fortaleza, visitou muitos lugares. Foi para a feira “Beira Mar”, depois de uma passeada comprou dois pares de brinco por 10 reais, um anel por 15 reais e uma havaiana por 15 reais.
No outro dia, foi com o grupo dos professores cabo-verdianos e brasileiros à livraria Cultura para conhecer e adquirir livros pedagógicos. A compra de livro foi mais um desafio para Manice. Ela havia recebido da organização do evento um vale de 100 reais, e na sua bolsa tinha um livro de 49,90 reais, um outro de 29,90 reias, mais um de 76,90 reais. No fim, com satisfação, regressou ao hotel feliz por ter trazido os livros que muito procurava para enriquecer os seus conhecimentos.
Os dias foram passando e cada experiência nova foi sempre um motivo de alegria para Manice, cheia novidades para contar. Assim, aguardava ansiosamente a hora de regressar para o seu país de origem e com muita vontade de ver os seus familiares que tanto os ama.






FORTALEZA, UM LABIRINTO PARA MINÓ


Fernando António Rodrigues Gonçalves
Maria José de Fátima Monteiro de Pina


Minó chegou ao Brasil acompanhado com vários colegas para passar uma temporada em Fortaleza. Ao chegar no aeroporto, encontrou seu irmão que lá estudava e lhe ofereceu um cartão de chamada internacional. Ansioso por entrar em contacto com a família, procurou um telefone público “orelhão” e conseguiu chamar a sua maẽ que, naquele momento, estava começando a ver jornal da noite exactamente às 20h em Cabo Verde.






Preocupada com a alimentação do filho, ela lhe perguntou se já tinha jantado, foi então que ele deu conta de que havia uma diferença de horário entre os dois países (Cabo Verde e Brasil).
Que situação! Minó então consertou o seu relógio com o relógio do aeroporto que marcava 18h, pois ele sabia que a diferença de horário entre esses países era de 2 horas. Dirigiu-se, então, ao hotel.
Durante o trajeto feito num ônibus em direção ao hotel, ele maravilhava com a beleza da cidade, que parecia estar num paraíso, admirando os arranha-céus gigantescos que se movimentavam, aproximando-se cada vez mais perto dele. Foi então que se deu conta de que havia perdido o início do jogo do Benfica que começava às 19h30min em Cabo Verde.
Para ele a situação não foi tão fácil o quanto pensava, mas, com o decorrer do tempo, foi familiarizando com as pessoas, fez vários amigos e foi aprendendo a se orientar na cidade.
Numa noite fresca, ele encontrou um grupo de amigos e foram passear pela encantadora avenida que o fazia lembrar a sua terra cheia de gente simpática, com um clima acolhedor e belas paisagens. Conversaram muito entre eles, encontraram uma feira onde se vende um pouco de tudo e muito parecido com o comércio em Cabo Verde, uma vez que se pode negociar o preço dos produtos com os comerciantes.
Ao observar as lojas, ele comprou um desodorizante por 6 reais, pagou com uma nota de 10 reais e recebeu de troco algumas moedas. Um dos colegas que o acompanhava lhe perguntou quanto teria de pagar se fosse com escudos CVE, tendo em conta que 1 R$ correspondia a 44 $ CVE.
O mais interessante é que Minó pretendia deixar o comerciante com as moedas por pensar que elas não teriam nenhum valor.
De regresso ao hotel, já cansados de tanto andar, resolveram apanhar o elevador que comportava apenas 5 pessoas. Tendo em conta que eram 12, calcularam o número mínimo de voltas que iria fazer o elevador para transportá-los. Eles discutiram entre si tentando chegar a uma solução, o que não se concretizou e resolveram subir pelas escadas.
Eles se separaram e dirigiram cada um para o seu quarto, Minó foi dormir e envolveu-se num lindo sonho. Foi durante o sono que veio a memória em forma de sonho de um dia em que ele se perdeu juntamente com mais quatro amigos após terem feito uma visita à Livraria Cultura.
Eles estavam interessados em conhecer um shopping que, segundo um amigo que lhes indicou a direção, ficava a quatro quarteirões da livraria. Então eles seguiram rumo à direção indicada contando os quarteirões. Não se sabe ao certo o que teria acontecido, mas certo é que se perderam e depois de tanto caminhar foram parar no shopping Iguatemi, que se situa do lado contrário ao hotel onde eles hospedavam. Sendo assim, não sabendo ao certo o caminho de regresso e com medo de se perder de novo, resolveram pagar um táxi que lhes cobrou 18R$ pela corrida. Ao acordar, Minó pôs-se a calcular o gasto feito uma vez que chegaram fora do horário do jantar e jantaram num restaurante próximo, o que lhes custou 110R$ ao todo. Também resolveu desenhar um mapa da cidade com alguns pontos de referência (Hotel Mareiro; Shopping Iguatemi; Ponte dos Ingleses; Cais do Porto) de modo a evitar que a desagradável situação voltasse a acontecer.











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