VIAGEM DE SONHOS
“ Tudo vem dos
sonhos. Primeiro sonhamos, depois fazemos”.
Monteiro Lobato
Domingos Pedro
Lopes
José Nildo
Teixeira da Veiga
Sonho
de qualquer professor cabo-verdiano é participar em ações de
formação e capacitação para que possa estar munido de
ferramentas, levando em linha de conta ter um desempenho de qualidade
junto dos seus discentes, basta ver o lema escolhido pelo Ministério
de Educação e Desporto, neste ano letivo “Juntos
por uma Educação de Qualidade”.
Neste
contexto, a sorte para a concretização do nosso sonho não poderia
ser melhor porque nos calhou, como cenário da nossa formação, a
linda cidade turística de Fortaleza, situada no Nordeste do Brasil,
onde sobressaem nomes conhecidos de alguns de seus filhos, como os de
José Alencar e Tom Cavalcante, poeta e humorista, respetivamente.
Logo,
a nossa chegada no Aeroporto Internacional “Pinto Martins” fomos
muito bem recebidos pelo Sr. Neto, assistente do curso. Viríamos a
ser instalados no grande Hotel Mareiro, junto à Avenida Beira-Mar,
que nos fez lembrar Cabo Verde, especialmente as nossas ilhas
orientais e também turísticas do Sal, Boavista e Maio, onde
sobressaem de entre outras paisagens deslumbrantes, destacando as
dunas, praias extensas de areias brancas. Aliás, isso já tinha sido
constatado por nós ainda quando estávamos a fazer a aterragem na
pista.
A
simpatia dos brasileiros é deveras impressionante, o que nos fez
recordar a célebre morna Brasil
de autoria do malogrado compositor sanvicentino Francisco
José da Cruz, ou simplesmente B. Léza. A letra, que vamos escrever
como adenda, afirmava que Brasil era irmão de Cabo Verde,
relembrando, de certa forma os nossos laços históricos e/ ou
culturais, o que teve sua continuidade com a ministração de aulas
pelos formadores brasileiros. Eles têm-nos mostrado que, para se ser
bom professor, para além de competência são ainda necessários
outros ingredientes, nomeadamente paciência, humildade e
conhecimento da realidade social dos alunos.
Tendo
em conta o sentimentalismo do cabo-verdiano, principalmente quando
está longe dos seus ente-queridos, em que a saudade vem na mó de
cima, a procura do telefone era necessária e foi notória a forma
insaciável como todos nós queríamos obter a linha para procedermos
aos primeiros contatos com os nossos familiares, colegas de trabalho
e amigos.
Atendendo
ao custo elevado das chamadas, sendo dois reais por minuto, que
equivalem a noventa escudos cabo-verdianos, pelo que de início
tivemos que levar a mão a cabeça, auxiliando de uma calculadora. Esta
situação, que nos parecia ruim, foi-nos minimizando, pouco a pouco,
devido ao empenho de dois colegas nossos que puseram a nossa
disposição os seus préstimos como empreendedores, através do
sistema inovador introduzindo ao seu computador o voipcheap,
fazendo-nos, assim, um preço pela metade do custo em relação ao
praticado pelos operadores brasileiros, como valor de dois reais por
minuto, passando assim de dois para um real por minuto.
De
referir que uma outra dificuldade encontrada tem a ver com a nossa
mobilidade na qualidade de pedestre, problema que tem vindo a ser
minimizado com a planta de localização da cidade (mapeamento),
permitindo-nos a identificação e a memorização de avenidas e
ruas, elementos importantes na ida e volta aos principais pontos da
mesma.
Convém
frisar que, com o apoio patenteado pelos nossos formadores, temos
vindo paulatinamente a ultrapassar as nossas dificuldades iniciais,
se atendermos a complexidade de uma realidade que estamos ainda
ávidos em conhecer, tais como as suas belezas e o ambiente ao nível
educacional, social e cultural.
Eis
a letra da composição Brasil de B.Léza
I
Bén
konché ês terra morena
Onde
káda criola é uma serena
Bén
ku bu céu també di anil
Kês
nós terra piquinin
É
un pedacinhu di Brasil
II
Brasil
Ki nós tudu tén na peitu
Brasil
ki nô tá senti na sángui
Brasil
bó é nosso irmão
Si
k'má nós bó é moreno
Brasil
nó krébu tchéu
Nó
krébu tchéu di korason
III
Ventu
ki tá bái di Sul
Tá
levá na sês kônte cenas di Brasil
Si
nó ká tá bái
Nó
ká tá dixál
Brasil
bó é nós sonhu
Bó
é nós céu azul.
VIAJANDO
NA DESCOBERTA
Domingos
Sacrossantos Fernandes Silva
Maria Helena
Pereira Furtado
Antes da chegada
a Fortaleza
É pela primeira
vez que os professores de Ensino Básico de Cabo Verde se deslocam ao
Brasil para um estágio, no âmbito do Programa Linguagem das Letras
e dos Números –
Projeto José Aparecido Oliveira.
Foi num dos
encontros técnicos que souberam dessa iniciativa. Salvador fez parte
da organização de todo o processo. Estabeleceram-se critérios para
a seleção dos formandos que iriam participar nesse estágio. A
partir daí, vários contatos foram estabelecidos com as Delegações
Concelhias do Ministério da Educação e Desporto, no sentido de
dar-lhes informação e orientações detalhadas, que lhes ajudariam
na escolha dos professores.
As Delegações
reagiram mandando a lista nominal, acompanhada de todas as
informações referentes aos participantes. Essas informações foram
sistematizadas e enviadas ao Brasil.
Junto dos serviços
consolares da Embaixada do Brasil em Cabo Verde, conseguiram todas as
instruções necessárias para a solicitação do visto, processo
esse que decorreu de forma rápida. Foi a própria Embaixada do
Brasil em Cabo Verde que contatou uma agência de viagem para a
emissão das passagens.
Tendo as passagens
em mãos foi feito o reencaminhamento via e-mail para todos os
Concelhos.
Salvador
e a sua colega Arina
começaram a aplicar os seus conhecimentos de letramento e
numeramento, desde o começo da organização desse evento, através
de:
- Leitura e análise da lista nominal que veio dos Concelhos;
- Conferição do número de professores que cada Concelho deveria enviar;
- Mapeamento de pessoas que deveriam ser contatadas via e-mail e telefone;
- Soma do total de contatos feitos, no sentido de certificarem que ninguém ficou de fora;
- Análise das fotografias dos participantes;
- Distribuição dos passaportes aos professores no aeroporto;
- Soma dos participantes no momento de check-in, o que lhes permitiu descobrir que participantes do Concelho de Santa Catarina foram os últimos a chegar ao aeroporto.
No aeroporto
continuaram a fazer esse exercício, pois tinham que fazer a leitura
das placas que indicavam o itinerário que deveriam seguir tais como:
- Identificação da sala de embarque, serviços de fronteira, casas de banho, bar...;
- Identificação do número dos acentos no talão de embarque;
- Estimativa do número total de passageiros que o avião que nos transportou trouxe para Fortaleza.
Chegada à
cidade de Fortaleza
Chegados ao
aeroporto de Fortaleza, seguiram o itinerário semelhante para irem
até a fronteira, despacharem as bagagens, procurarem pela pessoa que
tinha a incumbência de ir buscá-los ao aeroporto e ainda através
da visualização de algo que transmitisse essa informação. Foi aí
que o Chico entrou na história. Ele disse:
–
Professores de Cabo Verde, por aqui por favor!
Todos foram ao
encontro dele. Um a um foram chamados. O controle era rigoroso, pois
o Chico tinha de conferir bem se todos os que estavam na lista tinha
desembarcado, à medida que mostravam-lhes alguém que os conduziria
até ao ônibus. Todos pegaram nas suas bagagens e dirigiram-se até
o local. Ainda dentro do ônibus foi feita a segunda chamada. Nesse
momento foram informados que o destino a seguir era o Hotel
Mareiro,
que fica situado na Rua
Tibúrcio Cavalcante com a Avenida Beira Mar.
Era por volta das
dezenove horas locais. Já na recepção do hotel, todos fizeram os
seus registos de entrada e automaticamente os funcionários
entregavam as chaves a cada um e indicavam o piso e o número dos
apartamentos. Cada um, através das indicações dadas, foi se
instalar nos seus aposentos. O jantar foi servido logo. Era no
segundo piso.
Para efetuarem
chamadas para os familiares e fazerem algumas compras básicas,
tiveram que usar os conhecimentos matemáticos para poderem fazer a
correspondência dólar/real, escudo/real e euro/real, uma vez que
tinham de converter a moeda trazida pelo real, que é a moeda
utilizada na compra e venda no Brasil. No processo de câmbio, alguns
colegas saíram a ganhar enquanto que outros perderam.
No dia seguinte,
por volta das oito horas, iniciaram-se os trabalhos. Os professores
deram aos formandos muitas informações importantes de como
circular dentro da cidade de Fortaleza. Essas informações fizeram
parte de muitos trabalhos solicitados ao Salvador e seus colegas,
entre as quais se destacam este trabalho – Diário
de Bordo: Histórias de Cabo-Verdianos em Fortaleza.
Resolvendo
problemas em Fortaleza
Na dia 18 de
julho, Salvador e Arina, juntamente com os colegas e professores,
foram visitar a Livraria
Cultura.
No final da visita, decidiram não voltar com o grande grupo, uma vez
que queriam ir até ao shopping mais perto. Foi aí que pediram
informações a um cearense,
que os disse que o tal shopping ficava situado a cinco quadras daí.
Começaram as aventuras. Andaram muito a pé e nem sinal do shopping.
Resolveram desistir de ir ao shopping. Andaram tanto, sentiram o
vento fresco, pensaram que estavam perto do mar porque aquele vento
era semelhante à maresia e, portanto, perto do Hotel Mareiro.
Continuaram a caminhar e começaram a desconfiar que estavam
perdidos.
Mesmo assim
continuaram a caminhada passando ao lado de um rio. Com o
conhecimento do mapa tinham, lembraram-se que por aí poderia estar o
Rio Cocó e aí chegaram à conclusão que estavam em Iguatemi.
Andaram
mais um pouco e visualizaram o Shopping Center Iguatemi.
Foi um alívio!!!! Ficaram tranquilos e resolveram juntar o útil ao
agradável, tentando amenizar a angústia e ocupar da melhor forma o
tempo perdido. Depois disso, pegaram um táxi e regressaram ao Hotel
Mareiro. O taxista cobrou-lhes 25 reais pelo preço da corrida e
acharam que era o preço justo. Na altura de pagar a conta, ajudaram
uma colega a ver que, em vez de entregar uma nota de cinco reais, ia
entregar uma de 50 reais.
Estamos
perdidos! E agora o que faremos?
Legenda
A
Livraria Cultura
Av. Dom Luís,
1010 - Aldeota, Fortaleza - CE, 60160-230
B
Shopping Center Iguatemi Fortaleza
Avenida
Washington Soares, 85 - Cocó, Fortaleza - CE,
60811-900
Como já se
passava da hora do jantar, Salvador e os colegas resolveram ir jantar
ao bar que fica ao lado do Hotel Mareiro. Fizeram os seus pedidos.
Como os pedidos eram tantos, demoravam muito tempo a sair. Depois do
jantar, pediram a conta e repararam que o valor da despesa
apresentado no talão era superior ao consumo feito. Conferiram os
gatos de cada um, acrescentaram os dois reais do atendente, mesmo
assim as contas não batiam. Não queriam sair de lá sem antes
resolver o problema vivido no momento. Pegaram mais uma vez no talão
e analisaram os itens um a um e descobriram que foi incluído na
conta um dos sucos pedidos, que não chegou ao ser servido. Chamaram
o atendente, colocaram o problema e este foi fazer a retificação no
talão. Pagaram as suas contas e regressaram ao hotel Mareiro.
Foi um dia de
muita aventura!
Nomes
|
Produtos
|
|||||
Suco
|
Skol
|
Pastéis
de camarão
|
Hambúrguer
|
Bora
bora
|
Despesa
por pessoa
|
|
Jesus
|
x
|
x
|
x
|
R$27.50
|
||
Helena
|
x
|
R$21.40
|
||||
Domingos
|
x
|
x
|
R$23.10
|
|||
Maria
|
x
|
R$18.40
|
||||
Fernando
|
x
|
x
|
R$20.40
|
|||
Total
Geral
|
R$110.83
|
|||||
Factura
apresentada
|
R$129.23
|
Observação: Só
chegaram a servir um dos sucos solicitados.
ENFRENTANDO
CÁLCULOS
NUMA VIAGEM
DE NEGÓCIO À FORTALEZA
Dulcelino
Bettencourt
Luís
Vasconcelos
Cabo Verde é
um país onde a população vive à base das seguintes atividades
económicas: comércio, agricultura, pesca, criação de gado,
indústria etc. Sendo o comércio uma das principais atividades
económicas, à semelhança de muitos países como por exemplo
Brasil, com uma população muito parecida à de Cabo Verde, são
muitos os comerciantes cabo-verdianos que deslocam a esse destino
para fazerem as suas compras.
Foi o que
aconteceu com a Caty, uma criança de 12 anos que terminou com
sucesso o sexto ano de escolaridade. Como recompensa foi-lhe dada a
oportunidade de acompanhar a mãe (Berta), que é uma comerciante,
numa viagem de negócio à
Fortaleza. Essa oportunidade tinha também como objetivo auxiliar a
mãe nas contas.
Já instaladas
em Fortaleza, as duas foram às compras na Feira, situada ao pé do
Mercado Central. Compraram várias peças de vestuários: camisas,
calças, saias, blusas e sapatos. Enquanto a mãe fazia compras, a
Caty ia anotando, riscando com
tracinhos, as peças compradas da seguinte forma:
Camisas - /
/ / / / / / / / / / / / / / / / / /
/ / / / /
Calças - /
/ / / / / / / / / / / / / / / /
/ / /
Blusas - /
/ / / / / / / / / / / / / / / / / /
/ / / / / / / / /
Saias - /
/ / / / / / / / / / / / / / / / /
Sapatos - /
/ / / / / / / / / / /
Mesmo tendo
feito uma viagem muito cansativa, a Caty de regresso da feira,
reorganizou os dados que anotou durante as compras numa tabela de
frequência. Com os dados bem organizaodos, a Caty quis saber quanto
é que a mãe pagou pelas camisas em CVE, sabendo que 1 BRL
corresponde a 44 CVE e tendo em conta que cada camisa custou 20
reais.
A curiosidade
da Caty não parou por aqui. Sabendo que a mãe pagou 1440 reais na
compra dos sapatos, ela quis saber quantos reais pagou por cada par
de sapato.
Quanto mais
calculava, mais curiosa ficava. Para satisfazer-se, quis saber ainda
quanto a mãe ganharia em CVE, se vendesse cada calça por 120 reais,
sabendo que comprou uma calça por 100 reais.
Muito
satisfeita com a enorme colaboração da Caty, a mãe prometeu
trazê-la mais vezes para Fortaleza.
ENFRENTANDO
CÁLCULOS
NUMA VIAGEM
DE NEGÓCIO À FORTALEZA
Dulcelino
Bettencourt
Luís
Vasconcelos
Cabo Verde é
um país onde a população vive à base das seguintes atividades
económicas: comércio, agricultura, pesca, criação de gado,
indústria etc. Sendo o comércio uma das principais atividades
económicas, à semelhança de muitos países como por exemplo
Brasil, com uma população muito parecida à de Cabo Verde, são
muitos os comerciantes cabo-verdianos que deslocam a esse destino
para fazerem as suas compras.
Foi o que
aconteceu com a Caty, uma criança de 12 anos que terminou com
sucesso o sexto ano de escolaridade. Como recompensa foi-lhe dada a
oportunidade de acompanhar a mãe (Berta), que é uma comerciante,
numa viagem de negócio à
Fortaleza. Essa oportunidade tinha também como objetivo auxiliar a
mãe nas contas.
Já instaladas
em Fortaleza, as duas foram às compras na Feira, situada ao pé do
Mercado Central. Compraram várias peças de vestuários: camisas,
calças, saias, blusas e sapatos. Enquanto a mãe fazia compras, a
Caty ia anotando, riscando com
tracinhos, as peças compradas da seguinte forma:
Camisas - /
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Calças - /
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Blusas - /
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Saias - /
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Sapatos - /
/ / / / / / / / / / /
Mesmo tendo
feito uma viagem muito cansativa, a Caty de regresso da feira,
reorganizou os dados que anotou durante as compras numa tabela de
frequência. Com os dados bem organizaodos, a Caty quis saber quanto
é que a mãe pagou pelas camisas em CVE, sabendo que 1 BRL
corresponde a 44 CVE e tendo em conta que cada camisa custou 20
reais.
A curiosidade
da Caty não parou por aqui. Sabendo que a mãe pagou 1440 reais na
compra dos sapatos, ela quis saber quantos reais pagou por cada par
de sapato.
Quanto mais
calculava, mais curiosa ficava. Para satisfazer-se, quis saber ainda
quanto a mãe ganharia em CVE, se vendesse cada calça por 120 reais,
sabendo que comprou uma calça por 100 reais.
Muito
satisfeita com a enorme colaboração da Caty, a mãe prometeu
trazê-la mais vezes para Fortaleza.
A VIAGEM
Elias Silva Mendes da Fonseca
Elsa Maria Furtado Fortes
ELISA é uma senhora cabo-verdiana, da ilha de Santiago, que foi
convidada a uma formação na área de Língua Portuguesa e
Matemática, em Fortaleza no Brasil. Ela começou a pensar na sua
economia, visto que não tinha dinheiro para comprar tantos produtos
necessários para a viagem (malas, roupas novas, sapatos...)
Assim teve alguns dias preocupada com a situação, porque não
queria perder essa oportunidade tão importante que lhe serviria para
melhoramento do seu trabalho.
Partilhou a preocupação com os amigos que resolveram solidarizar
com ela .
No entanto, cada amigo
ofereceu-lha uma quantia de dinheiro:
Nome dos amigos
|
Quantia de dinheiro
|
TONY
|
1000$00
|
NELSON
|
3000$00
|
DULCE
|
4000$00
|
ANA
|
1000$00
|
EUNICE
|
4000$00
|
EDNA
|
6000$00
|
LUÍS
|
3000$00
|
Ela ficou contente com o que conseguiu arrecadar com os amigos.
Porém, ela sabia que tinha algumas compras a fazer. Juntou com a
sua economia e decidiu fazer algumas compras:
4000$00
|
1500$00
|
2000$00
|
2000$00
|
Verificou o troco e viu que só lhe restavam 24500$00. Qual era a
sua economia?
Com a quantia que sobrou, ela trocou em euros sabendo que 1 euro
corresponde a 110$00.
Chegando em Fortaleza, ela tinha a necessidade de comunicar com os
familiares em Cabo Verde, mas não tinha reais. Começou a pedir
informações sobre o câmbio. Tendo essa informação, trocou o euro
em reais, sabendo que cada euro corresponde a 2
reais e 40 centavos de reais.
Comprou um cartão por 20
reais e assim deu notícias aos familiares.
Depois da chamada efetuada para Cabo Verde,
ela ficou a pensar: “Quantos CVE correspondem o custo da
chamada ? Com que dinheiro fiquei?”
A Elisa, efetuando o seu cálculo, viu que ainda sobrava uma quantia
razoável e ficou tranquila.
Caro leitor!!!
Depois de aventurar por
várias estórias, de certeza percebeste que os personagens passam
por situações caricatas e fascinantes, procurando encontrar
soluções para diversos problemas, tanto dos números como das
palavras.
Nesta caminhada, percorreram
quilómetros de distancia para perceber o fascínio dos números e a
sua interligação com as palavras e a sua simplicidade na resolução.
Foram envolvidos pela magia
dos cálculos e a leveza das palavras a procura de respostas, que se
tornaram simples. Descobriram novos caminhos, aventurando pelas
trilhas do conhecimento e do mistério dos números e das palavras.
Agora que acabaste de ler
estas lindas estórias, de professores cabo-verdianos em Fortaleza,
convidamo-lo a escrever as tuas próprias aventuras interligando
estes conhecimentos.
Caro leitor, quer agarrar a
mais um desafio? Então, abre a tua mente e mergulha no mundo da tua
imaginação para construir outras estórias fabulosas!!!
Vamos aventurar!!!
A
PRIMEIRA VIAGEM A FORTALEZA.
Ângela Paulo
Euclides Cabral
Brasil, terra dos sonhos de qualquer cabo-verdiano, pela semelhança
cultural dos seus povos, todos amantes da diversão; da “boa vida”,
noitadas, carnaval, futebol, caracterizados ambos pela simpatia e
morabeza, partilhando ainda a língua de Camões. A curiosidade
aumentou no seio dos professores do Ensino Básico espalhados pelas
ilhas, sempre ansiosos por uma oportunidade que já tinha sido
usufruída pelos professores do Ensino Secundário. Daí surgiu a
magnífica notícia de que os professores do Ensino Básico teriam a
sua vez de viajar para Fortaleza, com o propósito de participar
numa formação de um mês nas áreas de Matemática e Português.
Quim e Arlinda, felizardos nessa empolgante aventura, encontraram-se
no aeroporto da Praia, entusiasmados com viagem, no entanto, um
pouco apreensivos por ser a primeira viagem que estavam a fazer para
fora do seu pequeno país. O Quim parecia muito nervoso e um pouco
perdido, pois não sabia onde fazer o câmbio da moeda cabo-verdiana
em euro, e como se não bastasse, estava atrasado para o check-
in. Foi aí que a Arlinda o interpelou:
– Desculpe-me, também vais ao Brasil?
Suspirando de alivio, o Quim respondeu:
– Sim fui escolhido também, mas preciso trocar o
escudo pelo euro, segundo fui informado e não sei onde fazer.
– Há um banco aqui no aeroporto onde podes fazer isso,
mas se calhar deves primeiro fazer o check-in porque estás
muito atrasado e depois ajudar -te-ei a resolver o resto.
Feito o check-in, foram resolver o problema do
câmbio. Chegando na agência o Quim
perguntou a Arlinda:
– Mas quantos euros receberei, pois tenho vinte e
cinco mil escudos?
– É muito fácil. Sabendo que cada euro equivale a cento
e dez escudos, é só calcular.
De seguida dirigiram-se ao bar do aeroporto para
tomarem um lanche. Lá encontraram mais quatro colegas que também
viajavam para Fortaleza. Cada um tomou um galão e um sanduíche.
No final do lanche pediram a conta ao garçom que foi num total
de mil oitocentos e sessenta escudos. Cada um teria de contribuir
com sua parte. Daí um dos amigos tomou a iniciativa de
calcular o valor correspondente a cada pessoa.
Pagaram a conta e
dirigiram-se para sala de embarque.
Partiram do Aeroporto da Praia por volta das catorze horas
e vinte minutos de Cabo Verde e a viagem demorou quatro horas.
Ao chegar no Aeroporto de Fortaleza, debaixo de um sol
abrasador, o Quim
exclamou:
– Arlinda, que horas são aqui, que há tanto sol assim?!
– Vamos fazer os cálculos. Lembre-se que Brasil tem
duas horas a menos que Cabo Verde. Se nos saímos de lá as catorze
e vinte, gastamos quatro horas de viagem, é só saber que horas
são em cabo verde, para descobrir que horas são aqui.
A caravana que viajou de Cabo Verde entrou no autocarro e
dirigiu-se para o hotel Mareiro onde iria se hospedar. Já
instalados, todos preocuparam-se em comunicar com a família e,
para isso, dirigiram-se à recepção do hotel para saberem se
havia possibilidades de fazer o câmbio do euro para o real que
precisavam na compra do cartão. Só receberam o valor
correspondente ao euro no dia seguinte. Todos estavam ansiosos em
descobrir quantos reais corresponderia cada euro. A Arlinda que
tinha entregue cem euros, recebeu duzentos e quarenta reais. No
entanto, outros colegas que foram trocar as moedas fora do hotel,
disseram que conseguiram trocar por um valor mais alto. A partir
deste momento todos ficaram atentos na troca das moedas.
UM SONHO QUE TORNOU REALIDADE
Eunice Livramento Monteiro
Mateus Felipe Fortes Semedo
Conhecer Brasil foi sempre um sonho, pois as
telenovelas retratam um Brasil bonito que desperta a curiosidade de
qualquer pessoa.
Manice recebeu a notícia no dia 3 de junho que tinha
sido escolhida para participar de uma formação no Brasil. Ansiosa,
começou a pensar como seria a sua aventura em Fortaleza. Passados
alguns dias, deu uma olhada no calendário, viu que era dia 1 de
julho e começou a pensar nos dias que faltavam para a sua viagem.
Ao preparar a sua mala, Manice colocou dentro dela suas
coisas com um cuidado cheio de ternura. As suas roupas preferidas
vinham logo em cima, para não ficarem amassadas. No fundo da mala
colocava as toalhas, as roupas íntimas, os produtos higiénicos e um
lençol azul, por questão de segurança.
Chegou o esperado dia da viagem. Manice levantou às
seis horas da manhã, pois, a sua viagem, da ilha do Maio para a
Cidade da Praia, estava prevista para as nove. Antes, foi comprar os
preparativos para o pequeno almoço e partiu para o aeroporto. Quando
eram 10h35min partiu para a cidade da Praia, numa viagem de oito
minutos, onde passou uma noite.
No dia seguinte, às 11h45min, apanhou um táxi e
partiu para o aeroporto numa viagem de 15 minutos. No aeroporto,
juntamente com os colegas, aguardava a hora de partida para
Fortaleza. Numa grande fila, esperava a sua vez para atravessar a
fronteira, mas com o coração a palpitar porque tinha que ser
submetida a um controle policial, como mandam as regras. Na sala de
espera para o embarque, Manice, de olhos no seu relógio, viu que já
havia se passado 45 minutos, logo, sentiu a necessidade de comer
alguma coisa. Foi então que dirigiu-se à lanchonete, levando uma
nota de quinhentos escudos; e perguntou:
– Quanto custa um matutano?
A empregada respondeu:
– Custa
160 escudos.
Surpresa com o preço, Manice concluiu que o matutano
custava o dobro do preço normal.
Às 14h, Manice dirigiu-se para o avião. Com a ajuda
das assistentes de bordo, ocupou o seu lugar perto da janela, à
espera da partida, que aconteceu às 14h30min. Lá fora, a tarde ia
alta. Por detrás das núvens cinzentas, adivinhava-se o sol, o mar
sereno e o ar parado. Lá dentro, só se sentia o barulho do motor do
avião.
Manice desembarcou no Aeroporto Internacional de
Fortaleza “Pinto Martins”, às 18h. No percurso para o Hotel
Marreiro, ela observava com muita atenção todos os pormenores:
muitos prédios altos, grande movimentação de trânsito, polícias
ambientais, centros comerciais etc.
Na recepção do hotel, Manice esperava a sua vez para
conhecer a companheira do quarto. A noite parecia infinita, pois
havia um silêncio muito grande... Parecia até que a vida tinha
parado.
De manhãzinha, depois do banho, foi tomar um pequeno
almoço, que de pequeno não tinha nada. Com uma mesa recheada de
frutas de todos os gostos, pão em variedades, bolos em qualidade e
quantidade, sumos naturais e sem esquecer a água fresca de coco.
Na sala de formação, aguardava a hora do intervalo para fazer o seu
primeiro contacto familiar.
O maior desafio da Manice foi a hora de adquirir o
cartão telefónico e fazer o câmbio de real para o escudo
cabo-verdiano. Dirigiu-se para o quiosque, próximo do hotel, e
perguntou ao senhor que lá estava:
– Quanto
custa um cartão telofónico?
– São
vinte reais.
Manice adquiriu o cartão e começou a relacionar com o
escudo cabo-verdiano. Sabendo que um real correspondia a quarenta e
cinco (45) escudos, ficou impressionada com o valor e murmurou
baixinho:
– Ai meu
Deus! Nunca podia imaginar que a comunicação no Brasil era tão
cara assim!
Manice, nas suas aventuras em Fortaleza, visitou muitos
lugares. Foi para a feira “Beira Mar”, depois de uma passeada
comprou dois pares de brinco por 10 reais, um anel por 15 reais e
uma havaiana por 15 reais.
No outro dia, foi com o grupo dos professores
cabo-verdianos e brasileiros à livraria Cultura para conhecer e
adquirir livros pedagógicos. A compra de livro foi mais um desafio
para Manice. Ela havia recebido da organização do evento um vale de
100 reais, e na sua bolsa tinha um livro de 49,90 reais, um outro de
29,90 reias, mais um de 76,90 reais. No fim, com satisfação,
regressou ao hotel feliz por ter trazido os livros que muito
procurava para enriquecer os seus conhecimentos.
Os dias foram passando e cada experiência nova foi
sempre um motivo de alegria para Manice, cheia novidades para
contar. Assim, aguardava ansiosamente a hora de regressar para o seu
país de origem e com muita vontade de ver os seus familiares que
tanto os ama.
FORTALEZA, UM LABIRINTO PARA MINÓ
Fernando António Rodrigues Gonçalves
Maria José de Fátima Monteiro de Pina
Minó chegou ao Brasil acompanhado com vários colegas
para passar uma temporada em Fortaleza. Ao chegar no aeroporto,
encontrou seu irmão que lá estudava e lhe ofereceu um cartão de
chamada internacional. Ansioso por entrar em contacto com a família,
procurou um telefone público “orelhão” e conseguiu chamar a sua
maẽ que, naquele momento, estava começando a ver jornal da noite
exactamente às 20h em Cabo Verde.
Preocupada com a alimentação do filho, ela lhe
perguntou se já tinha jantado, foi então que ele deu conta de que
havia uma diferença de horário entre os dois países (Cabo Verde e
Brasil).
Que situação! Minó então consertou o seu relógio
com o relógio do aeroporto que marcava 18h, pois ele sabia que a
diferença de horário entre esses países era de 2 horas.
Dirigiu-se, então, ao hotel.
Durante o trajeto feito num ônibus em direção ao
hotel, ele maravilhava com a beleza da cidade, que parecia estar num
paraíso, admirando os arranha-céus gigantescos que se movimentavam,
aproximando-se cada vez mais perto dele. Foi então que se deu conta
de que havia perdido o início do jogo do Benfica que começava às
19h30min em Cabo Verde.
Para ele a situação não foi tão fácil o quanto
pensava, mas, com o decorrer do tempo, foi familiarizando com as
pessoas, fez vários amigos e foi aprendendo a se orientar na cidade.
Numa noite fresca, ele encontrou um grupo de amigos e
foram passear pela encantadora avenida que o fazia lembrar a sua
terra cheia de gente simpática, com um clima acolhedor e belas
paisagens. Conversaram muito entre eles, encontraram uma feira onde
se vende um pouco de tudo e muito parecido com o comércio em Cabo
Verde, uma vez que se pode negociar o preço dos produtos com os
comerciantes.
Ao observar as lojas, ele comprou um desodorizante por
6 reais, pagou com uma nota de 10 reais e recebeu de troco algumas
moedas. Um dos colegas que o acompanhava lhe perguntou quanto teria
de pagar se fosse com escudos CVE, tendo em conta que 1 R$
correspondia a 44 $ CVE.
O mais interessante é que Minó pretendia deixar o
comerciante com as moedas por pensar que elas não teriam nenhum
valor.
De regresso ao hotel, já cansados de tanto andar,
resolveram apanhar o elevador que comportava apenas 5 pessoas. Tendo
em conta que eram 12, calcularam o número mínimo de voltas que iria
fazer o elevador para transportá-los. Eles discutiram entre si
tentando chegar a uma solução, o que não se concretizou e
resolveram subir pelas escadas.
Eles se separaram e dirigiram cada um para o seu
quarto, Minó foi dormir e envolveu-se num lindo sonho. Foi durante o
sono que veio a memória em forma de sonho de um dia em que ele se
perdeu juntamente com mais quatro amigos após terem feito uma visita
à Livraria Cultura.
Eles estavam interessados em conhecer um shopping que,
segundo um amigo que lhes indicou a direção, ficava a quatro
quarteirões da livraria. Então eles seguiram rumo à direção
indicada contando os quarteirões. Não se sabe ao certo o que teria
acontecido, mas certo é que se perderam e depois de tanto caminhar
foram parar no shopping Iguatemi, que se situa do lado contrário ao
hotel onde eles hospedavam. Sendo assim, não sabendo ao certo o
caminho de regresso e com medo de se perder de novo, resolveram pagar
um táxi que lhes cobrou 18R$ pela corrida. Ao acordar, Minó pôs-se
a calcular o gasto feito uma vez que chegaram fora do horário do
jantar e jantaram num restaurante próximo, o que lhes custou 110R$
ao todo. Também resolveu desenhar um mapa da cidade com alguns
pontos de referência (Hotel Mareiro; Shopping Iguatemi; Ponte dos
Ingleses; Cais do Porto) de modo a evitar que a desagradável
situação voltasse a acontecer.
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